Paulão Prestes precisa reencontrar o rumo

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Publicado em: 16/12/2012

Duas semanas atrás, o pivô brasileiro Paulão Prestes deixou a boa equipe do Gran Canaria (ocupa a quarta colocação na Liga ACB). É mais um aperto no botão do freio de uma carreira que teima em não deslanchar. Paulão já há algum tempo habita o imaginário de quem acompanha basquete aqui no Brasil, que aguarda sua consolidação em competições de alto nível e consequentemente sua chegada a  seleção. Em tempos não tão distantes, seu nome aparecia na frente de Rafael Hettsheimeir, Vitor Faverani, Augusto Lima, Fab Melo, etc. Atualmente, ele foi deslocado para o fim da fila.

Toda esta expectativa surgiu com aquele inesperado 4º lugar no mundial sub-19 de 2007 na Sérvia, um resultado que foi muito alentador para o basquete masculino brasileiro e que teve a performance  de Paulão o seu principal alicerce.  Seu desempenho de 23 pontos e 14, 7 rebotes por jogo foi fantástico.

Levado para a Espanha pelo Unicaja Malaga, clube que sempre cuidou com carinho de suas jovens promessas, ele chegou a ser emprestado algumas vezes para a equipe do Axarquía, onde disputou a segunda e 3ª divisão espanhola para pegar cancha. Integrou durante algum tempo o elenco do time de Malaga, mas acabou não sendo aproveitado. Depois de passagens por equipes pequenas como Murcia (ainda por empréstimo) e Granada e uma temporada no basquete lituano (Pieno Zvaigzdes), ele tinha assinado contrato até dezembro com a equipe de Las Palmas. Com o término, o vínculo não foi renovado e Paulão agora está à procura de um novo lugar para colocar sua carreira nos trilhos.

Nunca é demais lembrar que ele foi escolhido no draft de 2010 pelo Minessota Tiberwolves, franquia que tem dado atenção a jogadores de fora dos EUA (esta temporada tem 5 estrangeiros no elenco).

Para se visualizar o quanto a carreira de Prestes se encontra atrasada, basta uma comparação com os destaques das 3 seleções (pela ordem, Sérvia, EUA e França) que terminaram na frente do Brasil naquela competição.

O MVP do torneio, o sérvio Milan Macvan, ganharia 2 anos depois, em 2009, outro prêmio de melhor jogador, quando foi eleito o principal destaque do Nike Hoop Summit (jogo realizado entre prospectos americanos e do resto do mundo)  realizado em Portland. Seus 23 pontos, 14 rebotes e 6 assistências ajudariam a quebrar o jejum de dez anos sem vitória dos não americanos. Revelado pelo FMP Belgrado, Macvan, gastou o inicio de sua carreira defendendo o modesto Hemofarm da cidade sérvia de Vrsac e disputando a liga Adriática (campeonato entre clubes dos países que formavam a antiga Iugoslávia) e a Eurocup, uma espécie de 2ª divisão da Euroliga. No meio da temporada 2010/2011, quando estava em sua temporada mais sólida (seus números, tanto na liga Adriática quanto na Eurocup eram os maiores da carreira até então), apareceu a oportunidade de se transferir para o Macabi Tel Aviv e ser treinado pelo exigente e excelente David Blatt, além é claro, de disputar a competição mais forte do continente. Jovem e recém-chegado a outro patamar de competição, suas médias naturalmente despencaram. Mesmo assim, Macvan deu sorte em seu 1º ano, já que os israelenses chegariam até a final do torneio continental (acabariam perdendo para o Panathinaikos). Porém, depois desta empreitada, o sérvio, já na temporada seguinte, seria mandado de volta para casa, cedido por empréstimo, ao Partizan, onde suas médias voltariam a aumentar. No início da atual temporada, mediante o pagamento de 250 mil euros, ele se transferiu para o turco Galatassaray, clube que está atravessando uma fase de reconstrução e que não pretende ficar atrás dos rivais Fenerbahce e Anadolu Efes. Atualmente suas médias na liga turca são de 10,4 pontos e 4,4 rebotes em pouco mais de 19 minutos por jogo. Membro regular da seleção sérvia, no draft de 2011 ele foi escolhido pelo Oklahoma (e depois repassado para o Cleveland) na 54ª posição. Por ter um físico considerado pouco atlético, ainda não chega a causar suspiros do outro lado do atlântico.

Os Estados Unidos nunca levam força máxima neste tipo de competição (Derrick Rose, Russel Westbrook e Kevin Love, na época, tinham idade para jogá-la), pois ela coincide com a época de recrutamento das universidades e da própria NBA. Em 2007, havia uma futura segunda escolha do draft no elenco dos EUA. Um ano depois, após uma temporada fantástica na Kansas State (médias de 26,2 pontos e 12,4 rebotes) Michael Beasley seria draftado pelo Miami, só ficando atrás de Derrick Rose. Atualmente em sua quinta temporada e em seu terceiro time na liga americana (Miami, Minnesota e agora Phoenix), originalmente um ala de força e comparado a Carmelo Anthony devido ao seu leque de habilidades, o ala não está confirmando as expectativas, principalmente devido à sua fragilidade defensiva; ainda não conseguiu em nenhuma temporada terminar com sua produção ofensiva (pontos a cada 100 posses de bola) superando seu desempenho defensivo (pontos permitidos a cada 100 posses). Na atual temporada, ele chegou ao Arizona com a duríssima missão de ocupar a posição de estrela da companhia, cargo deixado vago com a saída de Steve Nash, e atormentado sobre qual seria a sua melhor posição em quadra (leia aqui). A metade do campeonato ainda não chegou e a discussão sobre o quão útil ele realmente é (leia aqui) já está quente como a temperatura local. A atual temporada é a pior em termos de pontos (11,1 por jogo). Só para constar, o jogador deste time dos EUA que parece ter progredido mais até agora, é Stephen Curry, armador dos Warriors.

Nicolas Batum era o grande líder da equipe francesa que fechou o pódio da competição e dentre os quatro jogadores analisados, é o que tem a carreira que se desenvolve com mais estabilidade e consistência. Titular absoluto da seleção francesa e agora do Portland (seu único time na NBA) desde que chegou à liga, como a vigésima quinta escolha do draft de 2008 (o mesmo de Beasley) seus números, de maneira geral, sempre aumentam de uma temporada para outra (inclusive os erros). Seu grande desafio agora é firmar-se como um dos lideres dos Blazers e ao lado de LaMarcus Aldridge e Damian Lillard,  tentar aventuras mais profundas na liga.

Se nenhum deles ainda não tem estatísticas de futuros integrantes do Hall da Fama, é evidente que Paulão, que sempre foi acompanhado por contusões e problemas com o peso, é o que se encontra mais distante do convívio das principais estruturas do basquete (campeonatos, treinadores e jogadores). Que ele volte para o caminho o mais rápido possível.

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