Arnaldo Szpiro “Precisávamos dividir a responsabilidade do Marcelinho”

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Publicado em: 14/09/2010

Rio de Janeiro – O Flamengo montou um elenco de basquete nesta temporada para ganhar tudo que irá disputar e o pontapé inicial da temporada para o rubro-negro será o Campeonato Carioca na qual na estréia enfrentará o Iguaçu Basquete Clube, no dia 24 de setembro, partida que será disputada no ginásio Municipal.

Com isso, o Draft Brasil entrevistou o diretor do basquete rubro-negro, Arnaldo Szpiro, abordando diversos temas como a formação do elenco nesta temporada, a NBB, a Liga Sul-Americana de basquete, entre outros assuntos. Confira abaixo a entrevista exclusiva:

Draft Brasil: Você junto com a hoje presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, ajudou a formar a base dessa equipe que se consagrou vitoriosa nas ultimas temporadas. Qual seria a principal dificuldade que você tinha com a Patrícia no começo dessa trajetória no esporte olímpico do clube, mas precisamente o basquete para essa realidade atual, agora que você esta de volta ao clube e ela como presidente?

Arnaldo Szpiro: O Flamengo sempre foi o clube cujo carro chefe é o futebol. E sempre será. Mas o Flamengo só é Flamengo porque é um clube poliesportivo. Fazer com que os presidentes entendessem isso era uma enorme dificuldade e por conta disso a montagem de um time competitivo, vencedor, só era possível com muita “briga” interna. Hoje, nossa presidenta entende perfeitamente que os esportes olímpicos também fazem parte da história e da grandeza do clube e isso é o grande facilitador para fortalecermos ainda mais o basquete.

DB: O basquete rubro-negro vivia na dependência “financeira” do carro chefe do clube que é o futebol. Como é pra você hoje ver o esporte ter patrocínio próprio e não ficar mais nessa dependência?

AS: Tudo isso passa pela mesma dificuldade descrita na pergunta acima. Pra mim é óbvio que um time como o Flamengo, forte e competitivo, traria patrocínios capazes de auto financiar o basquete. Com a Patrícia, tudo isso ficou muito mais fácil. Temos total independência com relação aos gastos do basquete sempre respeitando nosso orçamento que agora não depende mais do futebol.

DB: Como você avalia o projeto que foi desenvolvido pelo João Henrique Areias há dois anos atrás para trazer mais torcedores do Flamengo pra acompanhar o basquete? O alto custo da atual equipe de basquete do Flamengo em sua opinião impossibilitaria que uma idéia como a do Areias acontecesse de novo?

AS: Qualquer projeto para trazer torcedores aos ginásios, passa primeiro por ter um time competitivo. E isso nós deixamos prontinhos para ele. Acho que o grande erro do Areias foi ter se fechado em torno dele mesmo não aceitando ajuda das pessoas que entendem de basquete como um todo. E passa também pela credibilidade do torneio e da modalidade. E isso a Liga Nacional de Basquete está fazendo muito bem. Só para que os amigos do Draft Brasil tenham idéia, a média de público dos jogos do Flamengo no NBB2, sem nenhuma campanha, foi 15% maior que no NBB1.

DB: A casa do basquete do Flamengo nos últimos anos sempre foi o Tijuca Tênis Clube e o Maracananzinho, mas desde 2009 até esse ano, a HSBC Arena está abrigando os jogos da equipe. Boa parte da torcida tem criticas a HSBC Arena por ser de difícil acesso e também os horários de algumas partidas e os mesmos que criticam, falam da saudade de ver a equipe atuando no Tijuca. O que ganha o Flamengo em sua opinião jogando na HSBC Arena e como você vê essa saudade do torcedor a respeito da equipe atuar no Tijuca Tênis Clube?

AS: A HSBC Arena é disparada a melhor arena para prática do basquete na América Latina. Um time forte e competitivo como o do Flamengo não pode e nem deve jogar em ginásios que não valorizem seu time e que não dê conforto a sua torcida. É indiscutível que o Tijuca representa uma parte saudosa da nossa história mas devemos nos lembrar que hoje, a realidade do basquete do Flamengo é outra e por isso devemos sempre buscar a excelência.
Torcida, o Flamengo tem nos 4 cantos do Brasil. Ela vai se acostumar com a nova casa do basquete do Flamengo.

DB: O Campeonato Carioca de basquete a cada temporada fica mais enfraquecido tecnicamente, em sua opinião o que falta para termos de novo um basquete carioca com equipes mais competitivas? Essa defasagem técnica do campeonato carioca de basquete com o campeonato paulista não é um fator que chega a preocupar a comissão técnica visando os confrontos no campeonato nacional, NBB, visto que o nível de disputa em SP é mais intenso do que no Rio?

AS: Falta principalmente nos dirigentes dos grandes clubes (Vasco, Botafogo, Fluminense) uma mentalidade diferente a de “não vou formar um time pois não quero perder de 40 pontos pro Flamengo”. No dia em que esses dirigentes começarem um trabalho de reconstrução da modalidade adulta em seus clubes, tenho certeza que o basquete do RJ voltará a ser dos mais fortes do Brasil.

DB: Já se passaram meses daquela confusão no terceiro jogo da final do NBB entre Brasília x Flamengo, em Brasília. Hoje como você avalia aquela questão: você concorda com as punições dadas pelos SJTD tanto aos jogadores do Flamengo e Brasília? O Flamengo voltaria a atuar naquele ginásio normalmente caso Brasília mande seus jogos lá na próxima NBB? E você concorda que o incidente nesse jogo serviu de amadurecimento da LNB ?

AS: Acho que o STJD corrigiu as injustiças da Comissão Disciplinar. Tivemos claramente um problema de segurança que desencadeou a confusão toda. Quanto a atuar novamente naquele ginásio, desde que a segurança esteja ok, não vejo problemas em voltar lá. Com certeza a liga amadureceu pois não podíamos de maneira nenhuma julgar o que ocorreu no calor daquela semana e mais ainda, jamais poderíamos prejudicar o encerramento do campeonato precipitando o julgamento dos fatos. Os erros sempre servem para nosso amadurecimento e o crescimento de patrocínios e investimentos, mostra que estamos no caminho certo.

Kyle Lamonte, o novo reforço do Flamengo

DB: Arnaldo no final da temporada passada surgiu o boato que o Flamengo estaria interessado no ala Alex Garcia, do Universo/Brasília, o interesse de fato aconteceu? E como o Flamengo chegou ao nome do norte-americano Kyle Lamonte para reforçar a equipe nesta temporada?

AS: Nós fizemos uma proposta concreta para o Alex que agradeceu, mas preferiu se manter em Brasília. Precisávamos de um atleta capaz de dividir a responsabilidade do time com o Marcelinho e com a recusa do Alex, nos foi oferecido através dos agentes do Kyle aqui no Brasil, a possibilidade de contarmos com ele. Daí para o acerto, não levamos mais que 5 dias.

DB: O Flamengo nesta temporada trouxe de volta o pivô Rafael “Baby” Araujo, sendo que na ultima passagem dele no clube, o próprio Baby reclamou que saiu do clube por causa do atraso no pagamento dos salários. Qual foi o fator determinante para convencê-lo a voltar ao clube nesta temporada?

AS: Para se contar com o atleta, existem 2 fatores determinantes. Primeiro é a vontade do atleta vestir a camisa do clube e isso o Bábby(agora é assim que se escreve) desde que saiu do Flamengo se mostrou arrependido de não ter continuado no clube. Tanto é verdade que comprou um apartamento aqui no RJ. A segunda é o acerto financeiro e isso também foi tranquilo.

DB: E já nesse segundo semestre o Flamengo tem mais um desafio na Argentina, a disputa da Liga Sul-Americana, qual a principal dificuldade encontrada pelo clube de atuar na Argentina? Até que ponto a hostilidade dos torcedores e a estrutura de trabalho prejudicam o Flamengo atuando em território argentino? Por esses fatores que mencionei acima você poderia considerar a conquista Sul-Americana pelo Flamengo há dois anos atrás uma façanha?

AS: Sem dúvida nenhuma, a conquista da Sul-Americana foi uma façanha. Na época não estávamos na diretoria, os atletas estavam com 4 meses de salários atrasados, nenhum diretor do Flamengo estava na Argentina para apoiá-los, apenas eu estava lá como representante da LNB. Foi incrível e heróica a conquista. Quanto a hostilidade da torcida, eu sempre digo que os torcedores não entram na quadra pra jogar. Obviamente existe pressão nos árbitros mas eu sempre digo também que se quisermos ganhar não podemos deixar para decidir o jogo no final.

DB: Numa assembléia recente da LNB, foi cogitada a possibilidade da final da próxima edição do NBB ser em apenas um jogo e para a alegria dos fãs do basquete e de playoffs a moda tradicional essa idéia não foi pra frente, mas qual seria sua opinião a esse respeito? Até que ponto, os clubes ficam refém da detentora dos direitos de transmissão a respeito da fase final do NBB?

AS: A LNB ainda está engatinhando e ainda depende da Globo para ter sucesso e por conseguinte, patrocinadores. As vezes temos que abrir mão de nossas vontades para que no futuro possamos resgatá-las sem depender de A ou B, ou seja, andando com as próprias pernas. Acho que poderíamos fazer um teste sim, 1 ou 2 anos, com um jogo único e ver que tipo de retorno isso traria ao basquete. “

DB: E para encerrar essa nossa entrevista gostaria que você falasse da importância do Paulo Sampaio “Chupeta”, João Batista e do André Guimarães nessa equipe vitoriosa que o Flamengo conseguiu construir?

AS: Um time vencedor não são somente os atletas. Além do Paulo, João e André temos que citar ainda o Ricardo Machado (Fisioterapeuta), Rafael Bernardelli (Preparador Físico), Michila (Massagista) e Mineiro (Roupeiro), além é claro da Patrícia Amorim e da Cristina Callou (VP de Esportes Olímpicos) e de nossa competente assessoria de imprensa. Sem a participação de cada uma dessas pessoas tenho certeza que não estaríamos no estágio que estamos agora.

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