A Liga Itinerante

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Publicado em: 22/01/2013

O boato de que na próxima temporada a franquia Kings se transfira de Sacramento para Seattle e ressuscite os Sonics já é assunto velho. O que mais me chamou a atenção no episódio foram as manifestações dos torcedores das duas cidades. Em Sacramento, claro, houve ranger de dentes. Em Seattle, a reação foi dúbia. A maioria, é claro, comemorou o rumor como mais um indicativo da volta da NBA a cidade (o primeiro, foi a perspectiva da construção de uma nova arena, veja aqui). Alguns, mais contidos, lamentaram que isso representasse para outra cidade, o mesmo drama pelo qual a “cidade esmeralda” havia passado em 2008, quando os Sonics foram virar Thunder em Oklahoma (se quiser recordar, veja aqui).

Mas mudanças de cidades, que na ultima década ocorreram três vezes (Vancouver-Memphis, Charlotte-New Orleans e New Jersey-New York) já afetou metade das equipes da liga. Exatamente quinze das trinta equipes já trocaram de casa e de torcida, com alguns bem irrequietos, que se mudaram mais de uma vez. Mudanças sempre ocasionadas pela maneira de como são geridos os esportes americanos. A razão sempre a frente da paixão e a grana na frente de tudo (leia este artigo do Erich Beting).

 O time mais badalado da NBA, os Lakers, teve seu inicio na gélida Minneapolis, em 1947. Dez anos depois, em 1957, com o caixa vazio, houve uma oferta de compra vinda de uma dupla de empresários do Missouri, que planejava levar a franquia para Kansas City. Porém, Ben Berger, o proprietário na época, só abriria negociação se ninguém se dispusesse a bancar a permanência dos Lakers na cidade. Em um esforço coletivo tremendo, foi estabelecido um consórcio envolvendo empresas e cidadãos locais que levantaram fundos e adquiriram a equipe de Berger. O comando passou para as mãos do magnata Bob Short, eleito presidente pelo grupo comprador. Porém, o mesmo Bob Short, em 1960, seria o responsável pela mudança definitiva para Los Angeles. Alegando ser financeiramente impossível a permanência em Minneapolis e já vislumbrando grandes resultados na Califórnia, Short fez o anuncio que os Lakers estavam de partida. O legado deixado nestes treze anos: cinco títulos, toda a carreira de Geoge Mikan (o primeiro pivô dominante da história) e a escolha de Elgin Baylor no draft de 1958. O impacto causado em Minneapolis seria como se hoje, os Spurs decidissem se mudar de San Antonio.

Outra franquia famosa que começou em uma cidade bem diferente de onde se encontra hoje foram os Pistons.  O inicio se deu em 1941, na pequena cidade de Fort Wayne, no estado de Indiana e o nome foi inspirado no fundador da equipe, Fred Zollner, que era o maior fabricante de pistões dos EUA. Zollner, que era considerado um visionário, tem importante papel na história do basquete. Foi um dos que intermediou a fusão entre NBL (que possuía os melhores jogadores) e BBA (que tinha times de cidades maiores) que deu origem a NBA.  Reza a lenda, que a liga de basquete mais poderosa do mundo foi criada na mesa da cozinha de sua casa. Com o advento da nova liga, a franquia teve que sofrer uma pequena alteração no nome: criada originalmente como Fort Wayne Zollner Pistons, devido às novas regras, o nome do proprietário teve que ser retirado. Com o crescimento continuo da NBA e das necessidades econômicas, a cidade de Fort Wayne tornou-se um problema para o desenvolvimento da franquia. Assim, os Pistons decidiram se mudar para Detroit, cidade que se apoiava na indústria automobilística, o que possibilitou a manutenção do nome Pistons.

Considerado primeiro campeão da NBA (ainda como BBA) em 1947 e ao lado de Celtics e Knicks, as únicas franquias que disputaram todas as edições da liga, o hoje Golden State Warriors teve dias gloriosos longe da California. Foi fundado na Philadelphia em 1946, ganhou outro campeonato em 1956 e foi o primeiro time de Wilt Chamberlain e onde ele escreveu grande parte de sua história no basquete. Em 1962 foi comprado pelo grupo Dinners (o mesmo do cartão de crédito) e logo depois seria adquirida pelo maluco beleza Franklin Mieuli que a levou para San Francisco onde permaneceu até 1971, quando ocorreu a mudança para Oakland. O motivo: a construção de uma arena (Oakland Coliseum Arena) do outro lado da Bay Bridge. Os novos ares proporcionaram outro título em 1975, sob a batuta de Rick Barry. A partir daí começaram os tempos difíceis. A franquia passou pela mão de mais dois donos e uma ironia do destino está a caminho. Em 2017, os Warriors vislumbram a possibilidade de cruzar a ponte mais uma vez e voltar para San Francisco. O motivo: a construção de uma nova arena (veja aqui).

Entre os que mais gostam de uma mudança, está a própria franquia Kings. Desde que entrou para a NBA em 1949, foram quatro mudanças de cidade. Começou em Rochester, como Royals, onde conquistou o campeonato de 1951 e permaneceu até 1957, quando mudaram para Cincinnati (o tamanho das cidades foi o principal motivo de mudança no início da NBA). Nesta passagem pelo estado de Ohio, os fatos mais significativos foram os drafts Oscar Robertson e Jerry Lucas e duas finais de conferência. Em 1972, o time foi vendido para um grupo de empresários de Kansas City, onde trocou o nome para Kings, pois o time de baseball local já era denominado de Royals. No inicio, o time atingiu o auge de ser itinerante. Até 1978 a equipe mandava jogos em Kansas City e Omaha. Em 1985 a ocorreu a mudança para Sacramento.

Que os torcedores de Seattle fiquem desconfiados.

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