Evoluímos

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Publicado em: 8/09/2010

A seleção brasileira de 2010 está longe de ser uma decepção (Foto: FIBA)

Quatro anos atrás, no Japão, a equipe brasileira ficou marcada por aquela que seria a frase de toda a era Lula Ferreira no comando da Seleção Masculina de Basquetebol: foi um grande aprendizado.

Quatro anos depois, na Turquia, com três jogos extremamente equilibrados contra equipes mais fortes do que a nossa, liderando os jogos e embora perdendo, mostrando que o basquetebol praticado por nossa seleção, deu um salto de qualidade, podemos dizer que a era Magnano começa com outra frase: até que enfim, evoluímos.

Por maior que seja a dor da derrota, ainda mais pela forma que estas vieram, temos que deixar claro para os leitores, que dois anos atrás, não tinhamos condições de fazer jogos parelhos com times muito mais fortes.

O técnico argentino Ruben Magnano foi um dos responsáveis pelo crescimento da equipe. (Foto: FIBA)

Sim, evoluímos. Ruben Magnano, em sua breve passagem como treinador conseguiu o que vários treinadores nacionais não conseguiram nos últimos anos, ter moral para ficar ao lado da quadra dando ordens e orientando o time. Ser respeitado. Parece pouco, mas que seja assim, pois este pouco separa arremessos com 10 segundos de pelo menos calma para atacar e controlar o relógio. Se ninguém (entre os mesmos de sempre) do basquetebol brasileiro tem peito para dirigir a seleção, que venha um estrangeiro e faça ser ouvido.

Sim, evoluímos dentro de quadra. Nos seis jogos que fizemos, podemos contar nos dedos os momentos de preciptação nos ataques, algo que na seleção de 2006 era constante e assistíamos passivamente o show de ataques sendo jogados para o alto com quinze, treze segundos restantes no relógio. Neste Mundial, contamos nos dedos os momentos de preciptação nos jogos.

Sim, evoluímos ao ter um armador de verdade dentro de quadra, que nada deve aos grandes armadores do passado e que ganhou o respeito de todos os torcedores por se portar como o líder que essa geração não tinha. Hoje temos um armador e temos um líder.

Sempre criticado, Marcelinho Machado mostrou que pode ser muito útil. (Foto: FIBA)

Sempre criticado, Marcelinho Machado mostrou que pode ser muito útil. (Foto: FIBA)

Sim, evoluímos a tal ponto, que Marcelinho Machado, o eterno criticado das derrotas (sempre crucificado), passou a ser elogiado constantemente, com partidas excepcionais e sendo bem utilizado pelo técnico. Técnico este que soube coloca-lo nos momentos certos dos jogos e extrair as qualidades que este ala tem. A diferença entre o Marcelinho da Era Lula e o Marcelinho da Era Moncho/Magnano são mais do que evidentes. Não se pode pedir para um veterano como ele carregar o piano e ainda toca-lo, como também não podemos virar refém do seu jogo, pois seleção não é clube e talvez esta tenha sido a chave para o sucesso do lateral com a camisa verde e amarela.

Como foi bom ver Marcelinho utilizando todo seu arsenal de arremessos e passes bem dados para os companheiros. Como é bom saber que não somos apenas nós, da nossa pequena trincheira, que entedemos que Marcelinho tem muito o que contribuir se bem utilizado. E isso é uma evolução e tanto. Tira um fardo das costas deste excelente atleta e mesmo quem o criticava, hoje não tem como não aplaudi-lo.

Mesmo lesionado, Tiago Splitter lutou para ajudar a equipe. (Foto: FIBA)

O saldo final do Mundial é muito bom. Não temos como dizer que é bom perder, ninguém é louco por aqui, porém existem derrotas e derrotas. Ser surrado por equipes medianas e conseguir vencer apenas saco de pancadas conhecidos, é uma coisa. Fazer jogos equilibrados com equipes que estão em um patamar de organização e conjunto que ainda não temos, perdendo na última bola, coisas eventuais de um jogo de basquetebol, é outra. Termos um time de verdade, embora com uma rotação pequena e sem tantos recursos, é uma coisa. Termos um bando em quadra, jogando cada qual da sua maneira e sem se importar muito com o coletivo, é outra. Assitir a um jogo pensando que existe possibilidade de vencermos times que para alguns de nós, jamais passariam pela cabeça se quer fazer um jogo parelho, é uma coisa. Assistir um jogo e ver mais e mais erros infantis e nada ser feito do lado de fora, é outra.

Fizemos um grande Mundial. Daqueles de ter orgulho de ter assistido aos jogos e ter vontade de reve-los, de acreditar que voltamos ao patamar de enfrentarmos os times mais fortes do mundo sem medo, de sabermos que podemos jogar basquetebol de alto nível e de chorar a derrota, pois sabíamos, que pela primeira vez em anos, um selecionado nacional tinha o direito de sonhar com algo mais.

Equipe brasileira se une após a derrota para a Argentina. (Foto: FIBA)

Sim, e no final de tudo, até que enfim evoluímos, e para quem ainda duvida, basta ligar o vídeo em casa e rever as fitas do Mundial de 2006.

Parabéns aos atletas por este grande Mundial. Hoje, a dor da derrota e o desânimo ainda é geral, porém daqui alguns anos, olhando para trás, poderemos falar que tivemos um time que honrou nossas tradições, jogou com seriedade, fez seu melhor, saiu de cabeça erguida e reacendeu o prazer de ver nossa Seleção Brasileira em muitos de nós. Um passo de cada vez, assim que tem que ser.

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