Brasil x EUA: Antes, durante e depois. Por Guilherme Tadeu

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Publicado em: 31/08/2010

Marcelinho, destaque do Brasil contra os ianques. Foto: FIBA

Foi uma derrota doída. O Brasil fez o que precisava para vencer e ainda assim, não conseguiu a vitória. Quando se enfrenta os EUA, não podemos nos dar o direito de desperdiçar grandes chances. Algumas pecamos por omissão, outras por capricho do destino. Não era pra ser dessa vez, embora as condições estejam aí todas desenhadas para mostrar que em uma próxima, tudo pode acontecer, menos abdicar da possibilidade de vitória.

A verdade é que antes da partida, parte de quem tem acompanhado de perto o Mundial estava tão abobada com os efeitos das enterradas dos jovens estadunidenses que sequer cogitaram a possibilidade de que eles não são imbatíveis. Quando veio a notícia de que Anderson não jogaria, por um instante cheguei a pensar que na tentativa de poupá-lo, a comissão técnica partia basicamente dos mesmos pressupostos da invencibilidade dos poderosos rivais.

Ledo engano, com alegria vos digo. Pois do lado brasileiro está um mestre em vencer os EUA em grandes jogos. Magnano assim o fez em 2002 e 2004, quando comandava os argentinos. Não é questão de fórmula de bolo, mas de saber ler as principais debilidades de um time aparentemente espetacular. Pois o técnico argentino entendeu o que se mostrava latente em alguns amistosos e ficou obscurecido nos dois primeiros jogos da seleção mais poderosa neste campeonato. O time dos EUA é um time de defesa e contra-ataque, com terríveis dificuldades em enfrentar um time que o obrigue a jogar no cinco contra cinco.

Com a missão de diminuir a velocidade do jogo, mas sem se tornar previsível demais, o Brasil garantiu-se no placar com uma atuação primorosa de seus principais atletas, sobretudo Marcelinho Huertas, dono do ritmo do jogo, característica principal do jogo de basquete. Jogando com segurança nos passes na quadra ofensiva e saindo com tranquilidade da pressão quadra toda que armou Coach K, não vencemos porque faltou um maior número de jogadores de qualidade em nossa rotação – sobretudo um armador, posição em que já sabemos há tempos termos dificuldades.

Para alegria de quem conhece nossos pecados, vimos nossa rotação enxugar. Marcelinho, Guilherme, JP e Murilo foram à quadra, raramente juntos, e sempre por pouco tempo. Nezinho e Raulzinho hoje apenas acompanharam. Serão boas opções em outras noites, hoje não. Marquinhos, alçado à vaga de titular, conseguiu render bem e fez sua melhor atuação vestindo a camisa da seleção brasileira. No final, ainda que usar poucos jogadores tenha deixado nossos principais combalidos demais para os momentos decisivos, entendemos que sem essa estratégia, provavelmente teríamos sido encurralados muito antes.

A derrota é uma derrota. Não devemos comemorar, ao menos se ela não nos classifica a nada. Lamentamos e lembramos que ainda há um longo caminho a percorrer e ele passa necessariamente por quebrar um tabu contra adversários do Velho Continente. Desde 2002, contra a Turquia em Indianápolis, não saímos de quadra em uma competição oficial olhando por cima dos ombros em um confronto contra eles. De lá pra cá, perdemos para Iugoslávia, Espanha duas vezes, Grécia duas vezes, Turquia, Alemanha, Portugal (com nosso time B) e Lituânia. Depois de amanhã, e é assim que temos que pensar, jogo a jogo, temos de vencer o poderoso time esloveno. Uma vitória que significaria um grande marco nesta década, como significaria hoje se a bola de Huertas caísse.

Jogar bem e perder por dois pontos dos EUA não significará nada caso o time não consiga vencer adversários europeus. Se quebrar o tabu, sobretudo encaixando uma sequência importante de partidas bem jogadas, pode dar ao time a identidade que essa geração ainda teima em perseguir sem capturar. Sob as mãos de um maestro em Huertas, um monstro do garrafão em Tiago, um explosivo pontuador em Leandrinho e quem sabe na volta do guerreiro Varejão, o time pode encontrar suas referências e aí sim ter capacidade de fechar partidas importantes.

O bom jogo, aquele em que nas costas de Magnano pusemos tantas esperanças de que ele organizasse, apareceu, pela primeira vez, jogando sob o comando do novo e vitorioso treinador. O cenário, ainda que não seja empolgante, ao menos garante certo otimismo recentemente perdido. Em busca de façanhas, o primeiro passo foi dado há muito tempo. Mas os passos mais importantes serão dados nos próximos dias. Daqui, torcemos e isso é tudo, por enquanto.

Por Guilherme Tadeu

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