Alemanha: É tudo isso? Por Lucas Nepomuceno

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Publicado em: 17/07/2008

A seleção do Brasil perdeu pra Grécia e perdeu feio. Mas nessa sexta-feira jogará a partida que todos nós que acompanhamos o basquete esperávamos que jogaria. Esse é o jogo para o qual Moncho & Cia se prepararam, então antes que o ataque de pânico que começa a assolar nossa comunidade basqueteira se espalhe, vamos analisar profundamente nosso próximo adversário porque o bicho não é tão feio quanto parece.

O que essa Alemanha fez até agora?

Vitória fácil contra Cabo Verde mostrando um basquete preguiçoso e uma vitória bem melhor contra a Nova Zelândia demonstrando por um quarto que será um adversário duríssimo para o Brasil.

Na primeira partida, a “seleção do Dirk” apresentou muito pouco de positivo. O ataque não contou com movimentação no perímetro, não usou de infiltrações e abusou da superioridade física. Fez inúmeros pontos ao redor do aro e abusou de tentativas de 3 pontos (não se viu nenhum jogador afora Nowitzki tentar um arremesso de média distância). Ficou claro também a intenção de encaixar Chris Kaman no sistema ofensivo que foi acionado diversas vezes durante a partida.

No aspecto defensivo, a fragilidade do adversário pode ser a razão da desatenção e desinteresse alemão. Se viu uma proteção forte junto ao cesto mas a defesa por zona estava cheia de buracos. Só mesmo Kaman mostrou forte presença defensiva enquanto seus companheiros permitiam arremessos desmarcados e davam muitas chances de penetração.

Os reservas mostraram as mesmas características do time titular, mas com os problemas acentuados: falta de criatividade/talento individual, pouca movimentação, defesa zona problemática.

Confesso que fiquei bastante animado após esse jogo.

Contra a Nova Zelândia a história parecia se repetir. A Alemanha sofre dificuldades enquanto tentava marcar por zona e chegou a perder o primeiro quarto da partida.

No segundo quarto, a Alemanha finalmente mostrou o que tem de melhor: defesa individual e agressiva de meia-quadra. Com esse esquema, a Alemanha anulou completamente o ataque neo-zelandês que se não conseguisse forçar um arremesso de 3 pontos fatalmente estouraria o tempo de 24 segundos de posse de bola.

Mas mesmo esse esquema defensivo bem treinado e eficiente, o time ainda sofre com a pouca qualidade técnica da equipe. Qualquer finta que os atacantes tentassem no perímetro era bem sucedida o que comprometeria a defesa alemã caso houvesse maior talento do outro lado da quadra. A marcação é baseada na capacidade atlética do time alemão e não no talento para defender de seus jogadores.

A execução ofensiva alemã também foi muito interessante. Todas as posses de bola passaram pelas mãos do ala do Dallas Mavericks. Ele abusou dos seus marcadores usando de diversos expedientes: se posicionou de costas pra cesta pra virar no seu fadeaway característico, arremessou de curta distância usando sua estatura, arremessou de média distância quando o marcador tentava impedir seu caminho até a cesta, virou a partida com uma bola de 3 pontos e fez a jogada mais bonita da partida ao levar a bola em rápida transição da sua quadra, passar por dois marcadores e enterrar com vontade forçando um pedido de tempo do técnico adversário.

Mas ele não foi o único destaque da partida. Chris Kaman, uma adição de última hora ao plantel, deve estar tirando o sono do nosso técnico Moncho Monsalve. Ele foi decisivo e fundamental na vitória alemã. Nas raras vezes que Nowitzki errava a mão, Kaman garantia uma nova posse de bola. Isso não pode ser bom para o Brasil que mostrou uma grande capacidade de permitir rebotes ofensivos para a Grécia.

Nesse período da partida, com Kaman e Nowitzki jogando perto da cesta e criando muito espaço, a Alemanha usou algumas vezes uma jogada raríssima: penetração de um de seus jogadores de perímetro, no caso, Robert Garrett.

Além da ótima contribuição ofensiva na partida, convertendo vários arremessos ao redor da cesta e garantindo rebotes ofensivos nos momentos que decidiram a partida em favor da Alemanha, o “He-Man” apresentou uma defesa muito consistente negando qualquer espaço para os pivôs adversários que praticamente não tiveram oportunidade de tentar cestas nesse período.

Mas e então?

Pelo que mostrou nesse Pré-Olímpico até agora, a seleção alemã não está em um nível tão diferente na nossa. Apresenta sim uma equipe mais homogênea e com um padrão tático ofensivo e defensivo mais bem definido do que o nosso, mas pra ser bem sincero, é 2 contra a rapa! Claro que se dermos bobeira na defesa por zona eles vão atirar tudo, e num dia bom isso pode acabar com as nossas pretensões (na última partida os alemães chutaram 26 bolas de 3 pontos convertendo apenas 7), mas se marcarmos decentemente o perímetro vão se virar pro Dirk e mandá-lo resolver a parada.

O problema real, é que o Brasil não tem quem possa atrapalhá-lo pra valer. Se quando o Tiago Splitter teve que marcar o Tsartsaris nossa defesa entrou em colapso, contra o alemão o garrafão ficaria ainda mais exposto e ainda veríamos o Tiago com problemas de falta. A idéia é parar os outros 4 jogadores (principalmente Kaman) e deixar o Dirk fazer os dele. Se o Brasil tentar dobrar toda hora, os bombardeiros de plantão estarão prontinhos pra testar a nossa sorte nas bolas de 3 pontos. Caso outros jogadores como o Garrett (olho nele Machado) consigam espaços e pontuações elevadas na partida, aí a coisa ficará bem mais complicada para nós.

Do outro lado da quadra o Brasil deve se aproveitar da marcação por zona com a qual a Alemanha deve começar o jogo. Kaman se mostrou muito efetivo defendendo o aro até agora, mas não enfrentou nenhum armador com a qualidade do Huertas e nenhum slasher como o Alex, então ainda é possível que a Alemanha encontre dificuldades em fazer a cobertura dos nossos pivôs caso esses jogadores penetrem constantemente.
Sinto que a defesa individual alemã vai ser muito efetiva contra a seleção brasileira principalmente se o Marcelo Huertas não estiver em quadra. Talvez seja uma boa opção utilizar o Murilo nesse momento da partida, que tem considerável talento ofensivo, como válvula de escape.

Contra a Grécia, o Brasil sofreu muito a partir do segundo quarto por causa da qualidade técnica do elenco grego. Já o banco alemão não é melhor que o nosso e o único que merece algum destaque é o grandalhão Patrick Femerling.

A Alemanha pode ser sim considerada a favorita para o confronto por contar com uma dupla poderosíssima no garrafão e o melhor jogador do confronto, mas caso Splitter consiga anular o fator Kaman e o Huertas consiga fazer as coisas acontecerem do outro lado, o Brasil estará bem posicionado para lutar pela vitória até o fim.

Lucas Nepomuceno é colaborador do Draft Brasil

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